sábado, 6 de fevereiro de 2010

O Marcelo, por uma natural vontade de chocar o mundo, diz que fez ballet clássico. Até que o obriguei... rs...
Na verdade, até gostaria de já ter posto aqui todo o meu trabalho, e se não o fiz foi porque parece que ninguém tá muito interessado em ler qualquer coisa hoje em dia. Mas o ballet clássico era usado mais como barra e alguns exercícios de centro. Aliás, nem ele se lembra bem, mas eu sempre usei inúmeras técnicas, das danças folclóricas do mundo todo à yoga, passando por várias escolas de dança contemporânea, etc.
A proposta mesmo era a CRIAÇÃO. Usava técnicas variadas para deixar o corpo do bailarino afinado, pronto para que, na hora em que estivesse criando, não tivesse que parar, ou diminuir sua coreografia, por falta de preparo.
A minha idéia em Dança sempre foi a de fazer com que cada pessoa descobrisse a sua própria arte. Sempre detestei a pergunta que fazem quando sabem que se trabalha com Dança: "que tipo de dança?"
Dança é dança, não tem tipo, ou pelo menos não deveria. O bailarino tem que ser como o músico: saber ler qualquer pauta musical, e a pauta quem dá é o clássico.
Nas grandes escolas do mundo, como a do Bolshoi que fiz, a própria técnica clássica é constantemente estudada e transformada. Novas descobertas são acrescentadas a cada dia que alguém apresenta uma tese de mestrado ou doutorado.
Na pintura tem Picasso, Dali, etc. Porque na dança cada bailarino não pode ter a sua marca?
E essa sempre foi a minha busca. Fazer cada bailarino descobrir o seu jeito, o seu estilo.
Embora saiba que muitos, talvez a maioria seja bom, ótimo, na técnica e nulo em criação, que a maioria prefere seguir um padrão sem pensar muito, ou vai pensar depois, quando passar de bailarino para professor, diretor.
Acho por exemplo que as crianças deveriam ter pelo menos a chance de descobrirem sua criatividade antes de serem levadas a um estilo, ainda mais um estilo de 500 anos de idade.
Nada contra o clássico, muito pelo contrário. Acho, porém, que Dança deveria ser dada como aprendi na Faculdade que fiz: de cara, todos os estilos, toda a criatividade junto com as técnicas. Não se pode confundir técnica com estilo.

4 comentários:

  1. rose, fui mal em postar aqui o filme o "sol da meia noite"? na minha opinião o clássico e o popular, nesse filme se unem pela liberdade.
    .
    enfim, valeu o texto e o vídeo postado. vou mandar pra filhota.
    .
    brs

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  2. O Sol da Meia Noite é bacana, sim, vou postar assim que ressuscitar esse blog. O povo tem que vir, ficam tudo lá grudados no Paredón, ó xente!

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  3. e ravi shanckar o conheci, em uma 2ª feira. ran?
    .
    rené, um colega de facul, um cara sempre meio só, trocava comigo uns papos eventuais e leves. não éramos da mesma turma, mas nos gostávamos. o gostar de estar feliz, sem tempo marcado e o de continuar feliz, mesmo sem saber quando haveria o próximo papo. era
    eventual, mesmo.
    .
    numa 6ª feira, eu em sala de aula, a porta se abre e ele me chama. licença, fessor! depois do espanto por me procurar, o convite:- queria
    q vc fosse à minha casa amanhã pra uma festa.
    -seu niver? -não, nada disso.- vou sim. legal!
    - ah! só entra com roupa branca, viu? - tá!
    .
    sábado frio e a única roupa branca q tinha não
    ia bem. bom, vou me justificar, pelo frio.e me
    fui, subindo ruelas do sto antônio. chego. os
    pais, no portão recendo os chegantes. hum!tem gente aflita por você, me disse a mãe, ao ver
    o meu nome na lista. e chama rené, com toda a felicidade estampada na cara q assustava. -oi!
    .
    afetos trocados, apresentações e...vc não veio
    de branco! nem precisei explicar: sua mãe já havia se afastado e voltara trazendo um lençol
    branco com uma tesoura. sua convidada estará
    de branco agora. oh, mãe! que única você é.
    .
    aos poucos me vi enfiada no lencol e descalça.
    bolsa e sapatos era o de menos: eu guardo!e o
    pai, feliz: - a única convidada de rené não vai embora não. e estás divina! sorri pela tão
    providencial ajuda e os 3 foram me guiando até
    q eu me soltasse.
    .
    casa enorme, com vários ambientes para quem quisesse curtir a sua. som ambiente único pra
    unificar o que cabia na festa diferente. curti
    a sala de chás e papos soltos,a de meditação,
    a de yôga, a de leitura de textos estranhos p/
    muitos e regada a bons vinhos, a dos fumantes
    de qualquer coisa e na andada toda, voltei-me
    pra rené: - onde vais ficar? - onde vc quiser.
    .
    dividi espaço e tempo e optei ficar na bela -
    a de leitura de textos. - sabia, disse ele!é a
    que mais gosto também. li vários textos, bebi o vinho que ele me servia e todos comentavam
    o lido. foi lindo. até q ele puxou almofadas
    pra q recostasse minha cabeça. fechei os olhos
    e dormi. ao som de shankar. ele também, com a
    cabeça em meu ombro.
    .
    acordei com um carinho nos cabelos:era a mãe,
    a única, de rené. nos chamava pra dividirmos com ela e o pai, um caldo inesquecível q havia
    feito pra nós quatro. - especial pra gente de bem-querer. aquela mãe diferente, de repente,
    se levanta e dança. para ela mesma. nunca vi tanta harmonia e encanto. a olhávamos e era como se ela estivesse só, com ela mesma.parou e seu filho a beijou. trocamos olhares de bem-
    querer. não precisavamos dizer nada.
    .
    a casa ainda permanecia com alguns, mas o sol nascia. fiz menção de saída e ela me trouxe a bolsa e sapatos. leve seu lençol, pra próxima.
    vamos levá-la se não quiser pousar aqui. e me
    levaram, junto com rené. inesquecível.
    .
    todas as mãos se juntaram benditas, no até...
    entro em casa e meu pai me recebe. - só você!
    - pai, na próxima você irá comigo. - acho que
    sim. dormi no início do domingo, feliz!
    .
    2ª feira: facul. subo a rampa da facul e vejo
    assentado em sua beira, rené. mãos trocadas e apertadas juntas a peitos e cabeças unidas...
    - minha mãe mandou pra você. passou-me o vinil
    embrulhado e fui abrindo. - shankar?! o abraço
    e fico no sentir. sem palavras. não era preciso. dali fomos pras salas de aulas q não
    assisti. voltei pra casa.
    .
    precisava dividir shankar. - pai, vem cá! ele,
    em silêncio, comigo ficou. em plena manhã de
    uma 2ª feira, também inesquecível. sensível, ele falou ao final de sua primeira audição de
    shankar: - na próxima festa, vamos juntos. e eu o abracei. por shankar! e por rené.

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  4. Pô, Rúcula! Que belo!!! Isso se deu em Belzonte? amei, a mãe era uma Isadora, claro. Ravi Shankar era um dos músicos q mais "apareciam" nas minhas aulas, tinha um exercício de início em que os alunos dançavam apenas com as mãos uma música de Shankar: mãos como pássaros (experimenta!) Eu tinha um tio q era fotógrafo e q tinha lá com ele grandes fotos tiradas de cima da Amazônia, dos rios, etc e colocava cada foto na frente de um aluno para q seus pássaros voassem pela floresta.

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